A primeira crítica se baseia no braço padrão: placebo. Estes pacientes não receberam durvalumabe de manutenção por 12 meses, nos moldes do estudo PACIFIC. É conhecida a menor resposta dos pacientes com mEGFR, porém cabe lembrar o “n” extremamente baixo, tornando perigosa qualquer conclusão definitiva ou exclusão de tratamento por iss. Ainda mais tendo o PACIFIC demonstrado ganho de sobrevida global mediana.
Segundo, osimertinibe foi usado “até progressão ou toxicidade inaceitável”. Por que chamar de manutenção? Qualquer manutenção tem, classicamente, hora pra começar e hora pra acabar. Por exemplo, no ADAURA, foram 3 anos de osimertinibe; no ALINA, 2 anos; no IMpower-010, 1 ano; o próprio PACIFIC se valia de durvalumabe por 12 meses. O que foi feito no LAURA se assemelha mais a uma antecipação de tratamento ativo de 1a linha. E sem falar dos inconvenientes óbvios de se manter um tratamento indefinidamente.
Um terceiro problema desta estratégia é o sequenciamento. Para esta população, temos feito o IMpower-150. Sabe-se que dar TKi após imunoterapia pode ser problemático, por aumentar risco de toxicidade. Mas e o contrário, imunoterapia após TKi? Inclusive, a eficácia pode ser prejudicada, de acordo com estudos básicos. Mais recentemente, o MARIPOSA-2 chegou para a contexto pós-progressão a osimertinibe. Este é o tratamento de eleição daqui pra frente pra eles.
Apesar de todas as crítica, os dados do LAURA são pujantes. O estudo alcançou o seu objetivo principal: sobrevida livre de progressão mediana (mSLP) por análise central. Houve uma redução de 84% no risco de progressão com o inibidor de EGFR (HR 0.16, IC 0.10-0.24; p <0.001, mPFS 39.1 x 5.6 meses no braço observacional). Houve análise secundária de sobrevida global mediana (mSG), mas, até então, não havia sido demonstrado qualquer ganho, frente á imaturidade dos dados (apenas 36%). Não houve efeitos colaterais diferentes dos já previamente conhecidos.
Todos estes dados foram apresentados no congresso da ASCO em 2024, com publicação concomitante na N Engl J Med. E, disso, redundou a sua aprovação pelo FDA em 25 de setembro de 2024.
Lu, S. N Engl J Med 2024;391:585-597